“ O ESPELHO” – JÕAO GUIMARÃES ROSA -
interpretação do texto
O espelho é o extremo de um mistério, ele mostra
não só as noções de física, através das leis de óptica, mas transfere-nos ao transcendente. Mostra todas as trações dos nossos
rostos. Todos os momentos bons e maus. Tudo depende do tempo. Quando olhamos no espelho num momento o nosso rosto fica diferente
do que foi dois segundos antes. “O tempo é o mágico de todas as traições”. Os olhos de cada um de nos
acostumavam- se, desde do início com os nossos defeitos, com quais nos crescemos e quais cada um de nos tem.
“Os olhos, são a porta do engano”.
O espelho já inspirava os povos primitivos, aqueles povos, com a idéia, de que
o reflexo de uma pessoa, fosse a alma. “A alma do espelho- anote-a -
esplêndida metáfora”. A nossa alma mostra, com quais dificuldades nós conformamos- se com o destino.
O narrador durante diversos etapas da sua vida, passou muitas ilusões, quais
foram os retratos da alma dele. Quando ele era jovem, ele viu a figura dele, o rosto dele no espelho- naquele momento sentiu
ódio e susto. Olhando, não percebeu que é ele mesmo. Isso significa, que ele não aceitou-se por dentro na juventude. O tempo
estava passando, ele transformou-se em um homem adulto. A figura dele no espelho apareceu com o rosto de um animal- onça.
Ele começou sentir uma força por dentro, e por isso a alma dele identificou-se com um animal forte. O tempo estava passando.
A idade dele ficou mais avançada. Começou ver no seu rosto os elementos dos antepassados, os pais e avós. Também as pressões
psicológicas. Materialização das idéias e sugestões das pessoas com quais encontrou-se durante a sua vida. Um dia olhou no
espelho e não viu nada. Só o campo liso. Sem evidência física. Não viu seus olhos. A figura dele foi totalmente desfigurada.
Ficou sem existência central. É possível que ficou desalmado? É possível que na esta idade perdeu a alegria de vida? Isso
só ficou: a esperança e memória. O tempo estava passando que novo. Ele já é um homem idoso, já juntou a sua memória, esperança,
tudo o que passou. Já amava, já aprendeu as coisas, já conheceu a alegria. Olhou e de novo viu seu rosto. Mas tão diferente
do que antes, quase delineado, o rosto de um menino. Seu rosto nascido de novo, sua alma pura apareceu no espelho.
Depois
de todas as etapas da vida dele, nas quais ele não reconciliou-se por se mesmo, a alma dele cresceu e sobreviveu.
Copyright/Agnieszka Balut/ 20.08.2004